A sigla ETF vem de Exchange-Traded Fund. É um fundo de investimento negociado em bolsas de valores, como se fosse uma ação qualquer. Além disso, os ETFs são fundos que seguem o rendimento de determinados índices do mercado.
Para quem nunca ouviu falar sobre um ETF, é comum ficar um pouco confuso: o nome já é uma sigla, cada fundo tem seu código e é negociado em bolsa e segue um índice (outra sigla!).
Um ETF é como se fosse uma ação?
Para fins de compra e venda, são muito parecidos. Você pode comprar e vender cotas de um determinado ETF ao digitar seu código no homebroker da sua corretora.
Na B3, o código dos ETFs é XXXX11 (como por exemplo: BOVA11, SPXI11,BBSD11, etc), embora nem todo código que termine em “11” é um ETF. No entanto, um ETF não é uma ação.
Como dissemos anteriormente, ele é um fundo de investimentos em ações. O que é negociado na bolsa são as cotas do ETF: assim como qualquer fundo, o patrimônio é investido em diferentes ações.
Ao comprar cotas de um fundo, você está se tornando dono de uma pequena parte da carteira de ações dele.
Imposto de Renda
As cotas de ETFs não são isentas de imposto de renda como as ações – mesmo que o valor vendido esteja abaixo dos R$20 mil no mês. Assim sendo, se você realizar alguma venda de ETF com lucro, terá que pagar esse imposto.
Isso é feito gerando uma DARF.
E quais as diferenças para um fundo convencional?
Para compararmos um ETF com um fundo de investimento convencional, é importante saber primeiro o que é um fundo referenciado. Um fundo de investimento referenciado a um índice busca replicar seu rendimento (no caso das ações, o mais comum é o Ibovespa).
Neste caso, o gestor do fundo não faz juízo de valor ao escolher as ações que compõem a carteira – ele a monta de acordo com a própria composição do indicador.
Os ETFs são necessariamente referenciados a um índice. Ou seja, se o índice ABC é composto de ações de um determinado setor, um fundo indexado ao ABC será composto destas mesmas ações.
Para efeitos de comparação, vamos analisar as diferenças entre um ETF e um fundo referenciado convencional.
1 – Negociado em bolsa
A diferença mais notável é que as cotas de um ETF são negociadas na bolsa. Isso significa que você compra e vende estas cotas para outras pessoas, no chamado mercado secundário, com toda a segurança que a bolsa de valores nos traz (assim como nas ações).
Vamos pensar no seguinte exemplo:
João tem 100 cotas do fundo ABC, onde cada uma vale R$100, e deseja vendê-las para usar o dinheiro em uma viagem. Pedro tem interesse em comprar 100 cotas do fundo ABC, já que recebeu um bônus de fim de ano da empresa.
Como o fundo ABC é um ETF negociado na bolsa… Tanto João quanto Pedro vão à bolsa comprar e vender as cotas desejadas: estas cotas não são “destruidas” ou “criadas”, apenas transferidas – este é o chamado mercado secundário.
Se o fundo ABC fosse um fundo convencional… João deveria pedir o resgate do montante ao gestor do fundo. O gestor, então, venderia uma parte dos ativos para pagar João .
Quando Pedro fosse ao banco aplicar seu dinheiro no fundo, o gestor então compraria novamente as ações com o montante depositado – ou seja, o fundo “diminuiu” com a saída de João e “cresceu” com a entrada de Pedro – este é o chamado mercado primário.
2 – Apresenta taxas menores
Justamente por não precisar comprar e vender ações a cada entrada e saída de um novo cotista, os fundos de ETF costumam apresentar taxas de administração mais baixas, principalmente para investidores menores – um ETF não faz distinção entre um investimento de R$100 ou R$1 milhão.
Não é incomum ver fundos referenciados ao Ibovespa cobrando 2% de taxa de administração ao ano, enquanto ETFs equivalentes cobram cerca de 0,5%. No entanto, é preciso ficar atento às outras taxas: como eles são negociados na bolsa, as taxas de corretagem e custódia podem estar presentes, podendo comprometer seu rendimento! Imagine a seguinte situação:
Todo mês Rafael compra 1 cota do BOVA11 (fundo referenciado ao Ibovespa); neste mês, ela custou R$75. A corretora cobra R$10 pela ordem de compra. Ou seja, o “custo efetivo” da cota que nosso amigo Rafael comprou foi R$85.
No entanto, se ele comprasse 10 cotas por mês, teria gasto R$750 + R$10 = R$760, tendo um custo total de R$76 por cota. Percebemos que a taxa de corretagem é diluída na quantidade de cotas compradas. Fique atento aos valores!
3 – Os dividendos são reaplicados
Os dividendos das ações que compõem um ETF não são distribuidos aos cotistas – eles são reaplicados automaticamente no próprio fundo. Isso é bom? Depende do que o investidor (você!) busca!
Se você pretende investir a longo prazo, é ótimo: aquele dinheiro que as ações geraram se transformam em mais ações, que geram mais dinheiro! Se você busca um investimento como forma de complementar sua renda (com distribuição periódica de dividendos), o ETF se torna pouco atraente – você teria que gastar com taxas de corretagem para vender periodicamente as cotas. Nesse caso, os Fiis são uma ótima opção.
Lista de ETFS negociados
Hoje existem 15 ETFS negociados na B3. Você consegue investir em ETFs referenciados a diferentes índices, não só ao Ibovespa. Abaixo, uma lista dos ETFs e seus índices:
BBSD11 – S&P Dividendos Brasil
BOVA11 – Ibovespa
BOVV11 – Ibovespa
BRAX11 – IBRX-100
DIVO11 – Índice Dividendos (IDIV)
ECOO11 – Índice Carbono Eficiente (ICO2)
FIND11 – Índice Financeiro (IFNC)
GOVE11 – Índice de Gestão Corporativa (IGCT)
ISUS11 – Índice Sustentabilidade Empresarial (ISE)
IVVB11 – S&P 500
MATB11 – Índice de Material Básico (IMAT)
PIBB11 – IBRX-50
SMAL11 – Índice Small Cap (SMLL)
SPXI11 – S&P 500
XBOV11 – Ibovespa
Para se ter uma noção de como esses ETFs performaram de 2015 até o meio de 2018, reunimos quatro diferentes num mesmo gráfico.
Como o gráfico tem muita informação, separamos a rentabilidade de cada ETF por ano desde 2015 na tabela abaixo.
ETF | 2015 | 2016 | 2017 | 2018 (até 27/07) | Todo o período |
---|---|---|---|---|---|
MATB11 | 2,1% | 34,1% | 35,7% | 37,1% | 154,7% |
IVVB11 | 50,2% | -9,4% | 23,2% | 18,0% | 97,8% |
FIND11 | -8,4% | 44,9% | 25,9% | 4,6% | 74,7% |
PIBB11 | -10,0% | 37,6% | 27,2% | 4,8% | 65,1% |
BRAX11 | -9,6% | 36,6% | 27,2% | 4,1% | 63,4% |
BOVA11 | -10,9% | 38,2% | 26,8% | 4,5% | 63,2% |
XBOV11 | -11,4% | 38,4% | 25,9% | 4,3% | 61,1% |
GOVE11 | -12,3% | 35,6% | 27,1% | 5,5% | 59,4% |
BBSD11 | -21,2% | 42,5% | 46,4% | -4,0% | 57,9% |
DIVO11 | -24,1% | 60,6% | 25,6% | 0,2% | 53,5% |
SMAL11 | -20,2% | 30,3% | 49,6% | -3,6% | 49,9% |
ECOO11 | -8,9% | 29,1% | 24,0% | 0,2% | 46,1% |
ISUS11 | -10,6% | 14,3% | 17,9% | -0,2% | 20,3% |
Agora que já vimos o que é um ETF, vamos tentar resumir suas características e lados positivos e negativos.
1 – Riscos
Assim como um fundo de investimento em ações, um ETF é considerado renda variável. Fundos referenciados acompanham índices de setores ou até do mercado como um todo, então estão atrelados aos mesmos riscos de cada setor.
2 – Diversificação
Do ponto de vista da diversificação, os ETFs são excelentes: suas carteiras são compostas de diversas ações de acordo com o indicador seguido. Para quem olha para os ETFs como uma alternativa às ações, é válido lembrar que os ETFs diversificam seu patrimônio a um custo muito menor – imagina emitir ordens de compra para cada uma das ações do Ibovespa!
3 – Custos
Os custos de administração dos ETFs são, na maior parte das vezes, menores do que os fundos convencionais. No entanto, devido às taxas de corretagem e possivelmente de custódia, investir valores muito baixos com grande frequência pode sair caro. Ou seja, faça sempre as contas!
4 – Liquidez
Aqui é uma questão que varia de caso a caso. Como você precisa vender suas cotas para um comprador na bolsa, cada fundo tem uma liquidez diferente. Fundos com maior negociação tem liquidez diária, enquanto alguns podem levar alguns dias para concretizar uma operação.
5 – Rentabilidade
A rentabilidade de um ETF está ligada diretamente à rentabilidade do índice seguido – a gestão destes fundos é passiva, feita para acompanhar o indicador. Além disso, é importante lembrar que os dividendos são reaplicados.
Informações: Real Valor