Na segunda (28), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 1.626, queda de 18% em comparação com o patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia, foram registradas 658 mortes.
As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h.
A média móvel de novos casos em sete dias foi de 68.231, queda de 5% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 30.307 casos.
Chegou a 71.369.215 o número de pessoas que receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 33,7% da população. A segunda dose ou a vacina de dose única foi aplicada em 25.592.271 pessoas, ou 12,09% da população.
Na segunda, os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid no Senado, Fabiano Contarato (Rede-ES) e Jorge Kajuru (Podemos-GO) ingressaram junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) com um pedido de investigação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Eles afirmam que haveria “grandes chances” de o presidente ter cometido o crime de prevaricação ao não ter atuado sobre as suspeitas de irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin.
O trio relata no pedido que Bolsonaro foi informado pelo deputado Luís Miranda (DEM-DF) e pelo irmão Luís Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, no dia 20 de março de que havia indícios de irregularidades na aquisição de 20 milhões de doses da Covaxin ao custo de R$ 1,6 bilhão.
Os irmãos afirmaram isso em depoimento à CPI na sexta-feira passada. O valor pago pelo imunizante, produzido pela indiana Bharat Biotech, e comercializado com intermédio da brasileira Precisa Medicamentos, é 1.000% superior àquele informado seis meses antes pela Bharat.
O acordo de compra foi fechado sem que a vacina tivesse aprovação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ou tivesse passado por testes de fase 3, e é o mais alto por unidade de imunizante, de US$ 15.
Entretanto, segundo os autores do pedido, o presidente não atuou para averiguar as suspeitas de irregularidades relatadas. Bolsonaro teria dito, segundo o deputado relatou à comissão de inquérito, que iria pedir uma investigação ao chefe da Polícia Federal.
Contudo, isso não teria ocorrido, conforme os autores do pedido ao STF. “O presidente não pode guardar para si informação tão relevante a ponto de apurar indícios de corrupção que remontam a cifra bilionária no bojo de uma pandemia com consequências sanitárias e socioeconômicas tão graves. Tinha ele o dever inafastável de oferecer os indícios de que dispunha à autoridade competente, para as apurações mais detalhadas”, disseram os senadores.
Para os parlamentares, Bolsonaro, “efetiva e deliberadamente, optou por não investigar o suposto esquema de corrupção levado a seu conhecimento pelo deputado federal Luis Miranda e por seu irmão”.
Destacaram ainda que a motivação de ele ter agido dessa forma não importa para a tipificação penal. Em falas anteriores, Bolsonaro negou ter cometido qualquer tipo de irregularidade.
“Não tenho como saber o que acontece nos ministérios, vou na confiança em cima de ministro e nada fizemos de errado”, disse Bolsonaro a apoiadores na manhã de segunda.
O presidente afirmou que “vem tudo quanto é tipo de gente aqui”, e avaliou que não poderia vetar a presença de autoridades em razão de suspeitas que os envolveriam.
“Ele [em aparente menção ao deputado Luís Miranda] que apresentou, eu nem sabia como é que estavam as tratativas da Covaxin porque são 22 ministérios”, disse.
Ao STF, o vice-presidente da CPI e os senadores pedem que a Procuradoria-Geral da República, responsável por investigar o presidente, acolha o pedido e denuncie Bolsonaro por prevaricação e outros crimes que porventura ele possa ter praticado.
O pedido foi distribuído para a ministra Rosa Weber relatar. Em decisão na segunda, a ministra manteve o pedido de quebra de sigilo de um advogado da Precisa Medicamentos.
Weber avaliou que há “grave suspeita” de favorecimento e obtenção de vantagens indevidas nas negociações para a compra da Covaxin. “A questão adquire contornos ainda mais inquietantes, porquanto em pauta negociações pouco transparentes quanto a vacina ainda não respaldada por estudos científicos consistentes, em detrimento de imunizante de eficácia já comprovada e com custo substancialmente inferior”, afirmou a ministra.
Segundo reportagem do jornal O Globo, o gabinete do presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, queixou-se por meio de ofício enviado ao então secretário-executivo do Ministério da Saúde, coronel Elcio Franco, de que a agência vinha sendo procurada pela Precisa, e pediu que se evitasse “tumulto” no processo de avaliação do imunizante.
A a CPI pretende convocar o embaixador do Brasil na Índia, André Aranha Corrêa do Lago, para que fale sobre as tratativas entre o governo brasileiro, a Precisa Medicamentos e a Bharat Biotech para a compra da Covaxin.
De acordo com reportagem de capa do jornal Folha de S. Paulo desta segunda-feira, a CPI pretende investigar também supostas irregularidades na compra de testes de detecção do coronavírus, e convocar depoentes para detalhar a atuação do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), em um suposto esquema de corrupção.
De acordo com o deputado Luis Miranda, Barros teria atuado nas negociações suspeitas para a compra da Covaxin. Ainda segundo a Folha, Luis Ricardo, chefe do departamento de importação da pasta da Saúde, deve ser novamente chamado para depor na CPI sobre supostas irregularidades.
O vice-presidente da CPI da Covid do Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apresentou na segunda um pedido para prorrogar por mais 90 dias os trabalhos da comissão de inquérito.
Para que isso ocorra, é preciso o apoio de ao menos 27 senadores, que estenderiam a CPI até novembro. O prazo atual para o término é em agosto.
Informações: Infomoney