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Ubirajara Pires, apresentador de programa e tradicionalista, faleceu na noite desta terça-feira (15)

O tradicionalista Ubirajara Pires, que apresentou durante 10 anos o programa Charla Galponeira na programação da Rádio Montenegro FM, faleceu na noite desta terça-feira, em Montenegro RS.

Bira, como todos o conheciam pela região, era amante de poesias que enaltecem a cultura do Rio Grande do Sul e também um dos mais ativos defensores do tradicionalismo na cidade de Montenegro.

Em 2019, Bira foi o homenageado da Semana Farroupilha em Montenegro. Envolvido com a cultura rio-grandense desde os seus 13 anos, Bira foi instrutor de dança – com apreço especial pela chula – e declamador.

Participou de várias entidades e 28 competições, onde conquistou 26 primeiros lugares. Um dos mais significativos foi o primeiro lugar no Festival Gaúcho de Arte e Tradição (antigo Fegart, hoje Enart), em 1983.

Representando o CTG Estância do Montenegro, arrebatou a plateia e os jurados recitando “Canto de adeus para um peão de Estância”, de Apparício Silva Rillo. Em 1956, Bira tinha 13 anos e foi a uma festa, em Frederico Westphalen, na qual alguns convidados discutiam a criação de um CTG.

“Meu nome consta na lista de fundadores da entidade, que recebeu o nome de CTG Alferes Epifânio”, recordou ele em entrevista ao jornalista Márcio Reiheimer, em 2019. A primeira ata foi redigida a lápis, num papel de pão.

Na época, tudo era relativamente novo neste meio e ele foi enviado a Passo Fundo para aprender as danças gauchescas, e posteriormente começou a ensinar.

Nasceu na localidade de Coleiras Perdidas, em Palmeira das Missões. Depois, morou em Frederico Westphalen, em Santo Augusto e serviu ao Exército em Uruguaiana.

Ele também foi jogador de futebol, atuando como atacante em equipes de Passo Fundo, Lagoa Vermelha e de Francisco Beltrão, no Paraná. Contudo, uma lesão tirou Bira dos gramados, já que aos 25 anos, ele quebrou o joelho e teve de parar, mas garante que era goleador.

Em 8 de setembro de 1967, o tradicionalista conheceu a cidade de Montenegro. Era funcionário da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) e, nesta condição, acabou pegando a estrada novamente em 1971.

Foi cedido para várias prefeituras, como as de Ijuí e Tenente Portela. Nesse tempo, ajudava a fazer a contabilidade dos órgãos públicos, acumulando tarefas também nas cidades de Braga e Miraguaí.

A volta a Montenegro ocorreu em 1982. “Aqui vão enterrar meus ossos”, previu ele em 2019 em entrevista. Bira se casou com Nelci, a Kika, e teve cinco filhos Luiz Eduardo, Ubiraci, Cristina, Cristiano e Patríciaa. O casal também criou mais duas crianças, os irmãos Marcos e Maria Schons.

Abaixo você pode ler os primeiros versos da poesia “Eis o Homem”, de Marco Aurélio Campos, que o tradicionalista Ubirajara Pires, o Bira, declamou inumeras vezes:

“Brotei do ventre da Pampa
que é Pátria na minha Terra.
Sou resumo de uma guerra
que ainda tem importância.

E, diante de tal circunstância,
Segui os clarins farroupilhas
E devorando coxilhas,
Me transformei em distância.
Sou do tipo que numa estrada
Só existe quando está só.
Sou muito de barro e pó.
Sou tapera, fui morada.
Sou a velha cruz falquejada
Num cerne de curunilha.
Sou raiz, sol farroupilha,
Renascendo estas manhãs,
Sou o grito dos tahas
Coejando sobre as coxilhas.”

Declaramos com essa mensagem de reconhecimento todo o nosso respeito ao legado de Ubirajara Pires, o Bira, que será sempre lembrado pelo seu humor, pela dedicação ao serviço e pelas belas obras em defesa do Tradicionalismo. Desejamos com toda sinceridade que haja consolo ao coração dos familiares, amigos e fãs do Bira e que o Patrão Velho lhe receba na pátria celestial.