Um tribunal da Rússia condenou, nesta quinta-feira (4), a jogadora de basquete americana Brittney Griner a nove anos de prisão por tráfico de drogas, uma pena severa classificada de “inaceitável” pelo presidente Joe Biden e que abre as portas para uma possível troca de prisioneiros entre Moscou e Washington.
Detida em fevereiro em Moscou, pouco antes da ofensiva russa na Ucrânia, com um vaporizador que continha líquido a base de cannabis, a bicampeã olímpica se converteu em mais um elemento na crise geopolítica entre Rússia e Estados Unidos.
Seu julgamento se acelerou nos últimos dias, enquanto os dois países negociam uma troca de prisioneiros na qual a jogadora poderia fazer parte. “O tribunal declarou culpada a acusada” de posse ilegal e de tráfico de drogas, afirmou a juíza Anna Sotnikova, segundo uma jornalista da AFP presente no tribunal de Khimki, nos arredores da capital russa.
Como consequência disso, a jogadora de basquete foi condenada a “nove anos de prisão em uma colônia penitenciária e a uma multa de um milhão de rublos”, cerca de 16.350 dólares no câmbio atual, acrescentou.
“É inaceitável e peço à Rússia que a liberte imediatamente para que possa estar com sua esposa, sua família e suas companheiras de equipe”, solicitou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em um comunicado divulgado após o anúncio do veredito.
Por sua vez, os advogados de Griner anunciaram sua intenção de recorrer da condenação, que consideram “totalmente absurda”. A jogadora ouviu a decisão da juíza com a cabeça baixa, trancada no habitáculo destinado aos acusados na sala de audiência.
“Cometi um erro sem má-fé e espero que o veredito não ponha fim à minha vida aqui”, afirmou Griner em seu último depoimento antes do anúncio da decisão do tribunal. Brittney Griner, de 31 anos e 2,06 metros de altura, é considerada uma das melhores jogadoras de basquete do mundo.
Desde o início do julgamento, a ré se mostrou concentrada, respondendo às perguntas do tribunal com tranquilidade e precisão. Nesta quinta, antes do início da audiência, mostrou aos jornalistas uma foto sua cercada por suas companheiras de equipe de basquete na Rússia.
A integrante do Phoenix Mercury havia viajado à Rússia para jogar ali no período entre temporadas, uma prática habitual para as jogadoras da WNBA, que costumam obter mais recursos no exterior do que nos Estados Unidos.
Ela foi detida no aeroporto com líquido de vaporizador a base de cannabis. Reconheceu que estava em posse dessa substância, afirmando, contudo, que a levou para a Rússia por erro.
Sobretudo, rejeitou estar realizando qualquer tipo de tráfico de drogas, ao enfatizar que a pequena quantidade da substância era somente para seu consumo pessoal, com fins analgésicos para suas dores crônicas.
“Nunca quis causar dano a ninguém, nunca tive a intenção de colocar a população russa em perigo, nem de violar a lei deste lugar”, declarou Griner nesta quinta. O promotor, por sua vez, garantiu que a jogadora tinha tentado “esconder” dos agentes alfandegários do aeroporto o líquido a base de cannabis.
Os advogados da jogadora haviam pedido sua absolvição. A condenação contra a jogadora poderia influenciar uma possível troca de prisioneiros entre os dois países. Na semana passada, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, tiveram suas primeiras conversas desde o início da ofensiva de Moscou na Ucrânia.
Blinken assinalou que pediu ao ministro russo que aceitasse “a oferta consequente” de Washington a Moscou para obter a libertação de Griner e de outro americano detido na Rússia, Paul Whelan, que cumpre pena de 16 anos de prisão por espionagem.
Segundo vários meios de comunicação americanos, a oferta consistiria na troca do renomado traficante de armas russo detido nos Estados Unidos, Viktor Bout, por Brittney Griner e Paul Whelan.
Informações: O Povo