Os índios Kaingang não querem mais sair do bairro Centenário. Estava em estudo a remoção da aldeia para o bairro Zootecnia ou para Capela de Santana, mas o cacique Eliseu Claudino diz que com a demora e a chegada do frio, a tribo optou por permanecer no mesmo local em Montenegro onde está desde 2018.
Novas casas e barracas estão sendo construídas numa parte mais alta da área pertencente ao Estado, entre a Escola AJ Renner (Industrial) e a obra da creche municipal.
Conforme o cacique, é para evitar a parte mais baixa onde tem muita umidade. Ele diz que com a proximidade do inverno e a ocorrência de mais chuvas, é preciso uma melhor estrutura.
Por isso estão sendo construídas novas casas em meio ao mato. Mas o cacique garante que não aumentou o número de famílias, mas sim apenas está ocorrendo à mudança de local das moradias na mesma área.
Segundo Eliseu, são 31 famílias no total, somando em torno de cem indígenas. O cacique diz que a intenção é melhorar a estrutura das casas, já que grande parte da tribo é formada por crianças.
Ele lamentou a demora na definição do local, mas diz que a decisão pela permanência foi em conjunto, do grupo. Mais casas de madeira serão erguidas, substituindo as de lona.
Também devem contar com banheiro, ligação de água e luz. O pavilhão já construído deve ser aproveitado para a escola da cultura indígena, já que as aulas presenciais estão sendo retomadas.
E o cacique diz que está se buscando encaminhar junto ao Estado, através da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e Funai, a documentação para ficar no local em definitivo e regularizar a situação.
A localização também é estratégica, mais perto do centro, porque a principal renda dos Kaingang vem da venda de artesanato. Entretanto, a permanência ou não no local divide a população.
Os índios chegaram a Montenegro no final de 2017, vindos de tribos de cidades como Nonoai, Redentora e Carazinho. No início eram seis famílias que se instalaram numa área particular na margem da RSC 287, próximo do trevo do Posto Ipiranga, no bairro Santo Antônio.
No ano seguinte se transferiram o bairro Centenário, onde estão atualmente. E aí iniciaram as reclamações de vizinhos, alegando conflito de culturas que seriam incompatíveis numa área urbana.
Ocorreram várias reuniões e foi lançado abaixo-assinado pedindo a remoção. Para os índios o que existe é ainda muito preconceito.
Texto, informações e foto: Fato Novo