A Civilização egípcia data do ano de 4.000 a.C., permanecendo relativamente estável por 35 séculos, apesar de inúmeras invasões das quais foi vítima. Em 1822, o francês Jean François Champollion decifrou a antiga escrita egípcia tornando possível o acesso direto às fontes de informação egípcias.
Até então, o conhecimento sobre o Egito era obtido através de historiadores da Antiguidade greco-romana.
O MEIO AMBIENTE E SEUS IMPACTOS
Localizado no nordeste africano de clima semi-árido e chuvas escassas ao longo do ano, o vale do rio Nilo é um oásis em meio a uma região desértica. Durante a época das cheias, o rio depositava em suas margens uma lama fértil na qual durante a vazante eram cultivados cereais e hortaliças.
O rio Nilo é essencial para a sobrevivência do Egito. A interação entre a ação humana e o meio ambiente é evidente na história da civilização egípcia, pois graças à abundância de suas águas era possível irrigar as margens durante o período das cheias.
A necessidade da construção de canais para irrigação e de barragens para armazenar água próximo às plantações foi responsável pelo aparecimento do Estado centralizado. Nilo > agricultura de regadio > construção de obras de irrigação que exigiam forte centralização do poder >monarquia teocrática
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
A história política do Egito Antigo é tradicionalmente dividida em duas épocas:
Pré-Dinástica (até 3200 a.C.):ausência de centralização política.
População organizada emnomos (comunidades primitivas) independentes da autoridade central que era chefiada pelos monarcas. A unificação dos nomos se deu em meados do ano 3000 a.C., período em que se consolidaram a economia agrícola, a escrita e a técnica de trabalho com metais como cobre e ouro.
Dois reinos: Alto Egito(sul) e Baixo Egito (norte) surgiram por volta de 3500 a.C. em consequência da necessidade de se unir esforços para a construção de obras hidráulicas.
Dinástica: forte centralização política
Menés, rei do Alto Egito, subjugou em 3200 a.C. o Baixo Egito. Promoveu a unificação política das duas terras sob uma monarquia centralizada na imagem do faraó, dando início ao Antigo Império, Menés tornou-se o primeiro faraó.
Os monarcas passaram a ser “governadores” subordinados à autoridade faraônica.

PERÍODOS DA ÉPOCA DINÁSTICA
A Época Dinástica é dividida em três períodos:
Antigo Império (3200 a.C. – 2300 a.C.)
Capital: Mênfis
Foi inventada a escrita hieroglífica.
Construção das grandes pirâmides de Gizé, entre as quais as mais conhecidas são as de Quéops, Quéfrem e Miquerinos. Esses monumentos, feitos com blocos de pedras sólidas, serviam de túmulos para os faraós. Tais construções exigiam avançadas técnicas de engenharia e grande quantidade de mão-de-obra.
Invasão dos povos nômades > fragmentação do poder
Médio Império (c. 2040-1580 a.C.)
Durante 200 anos o Antigo Egito foi palco de guerras internas marcadas pelo confronto entre o poder central do faraó e os governantes locais – nomarcas. A partir de 2040 a.C., uma dinastia poderosa (a 12ª) passou a governar o País iniciando o período mais glorioso do Antigo Egito: o Médio Império. Nesse período:
● Capital: Tebas
● Poder político: o faraó dividia o trono com seu filho para garantir a sucessão ainda em vida
● Poder central controlava rigorosamente todo o país
● Estabilidade interna coincidiu com a expansão territorial
● Recenseamento da população, das cabeças de gado e de terras aráveis visando a fixação de impostos
● Dinamismo econômico
Os Hicsos
Rebeliões de camponeses e escravos enfraqueceram a autoridade central no final do Médio Império, permitindo aos hicsos – um povo de origem caucasiana com grande poderio bélico que havia se estabelecido no Delta do Nilo – conquistar todo o Egito (c.1700 a.c.).
Os hicsos conquistaram e controlaram o Egito até 1580 a.C. quando o chefe militar de Tebas derrotou-os. Iniciou-se, então, um novo período na história do Egito Antigo, que se tornou conhecido como Novo Império.
As contribuições dos hicsos foram:
● fundição em bronze
● uso de cavalos
● carros de guerra
● tear vertical

Novo Império – (c. 1580 – 525 a.C.)
O Egito expulsou os hicsos conquistando, em seguida, a Síria e a Palestina.
● Capital: Tebas.
● Dinastia governante descendente de militares.
● Aumento do poder dos sacerdotes e do prestígio social de militares e burocratas.
● Militarismo e expansionismo, especialmente sob o reinado dos faraós Tutmés e Ramsés.
● Conquista da Síria, Fenícia, Palestina, Núbia, Mesopotâmia, Chipre, Creta e ilhas do Mar Egeu.
● Afluxo de riqueza e escravos e aumento da atividade comercial controlada pelo Estado.
● Amenófis IV promoveu uma reforma religiosa para diminuir a autoridade dos sacerdotes e fortalecer seu poder implantando o monoteísmo (a crença numa única divindade) durante seu reino.
● Invasões dos “povos do mar” (ilhas do Mediterrâneo) e tribos nômades da Líbia conseqüente perda dos territórios asiáticos.
● Invasão dos persas liderados por Cambises.
● Fim da independência política.
Com o fim de sua independência política o Egito foi conquistado em 343 a.C. pelos persas. Em 332 a.C. passou a integrar o Império Macedônio e, a partir de 30 a.C., o Império Romano.
ASPECTOS ECONÔMICOS
Base econômica:
● Agricultura de regadio com cultivo de cereais (trigo, cevada, algodão, papiro, linho) favorecida pelas obras de irrigação.
● Agricultura extensiva com um alto nível de organização social e política.
● Outras atividades econômicas: criação de animais (pastoreio), artesanato e comércio.
ASPECTOS POLÍTICOS
Monarquia teocrática:
● O governante (faraó) era soberano hereditário, absoluto e considerado uma encarnação divina. Era auxiliado pela burocracia estatal nos negócios de Estado.
● Havia uma forte centralização do poder com anulação dos poderes locais devido à necessidade de conjugação de esforços para as grandes construções.
● O governo era proprietário das terras e cobrava impostos das comunidades camponesas (servidão coletiva). Os impostos podiam ser pagos via trabalho gratuito nas obras públicas ou com parte da produção.

ASPECTOS SOCIAIS
● Predomínio das sociedades estamentais (compostas por categorias sociais, cada uma possuía sua função e seu lugar na sociedade).
● O Egito possuía uma estrutura social estática e hierárquica vinculada às atividades econômicas. A posição do indivíduo na sociedade era determinada pela hereditariedade (o nascimento determina a posição social do indivíduo).
● A estrutura da sociedade egípcia pode ser comparada a uma pirâmide. No vértice o faraó, em seguida a alta burocracia (altos funcionários, sacerdotes e altos militares) e, na base, os trabalhadores em geral . A sociedade era dividida nas seguintes categorias sociais:
● O faraó e sua família – O faraó era a autoridade suprema em todas as áreas, sendo responsável por todos os aspectos da vida no Antigo Egito. Controlava as obras de irrigação, a religião, os exércitos, promulgação e cumprimento das leis e o comércio. Na época de carestia era responsabilidade do faraó alimentar a população.
● aristocracia (nobreza e sacerdotes). A nobreza ajudava o faraó a governar.
● grupos intermediários (militares, burocratas, comerciantes e artesãos)
● camponeses
● escravo
Os escribas, que dominavam a arte da escrita (hieróglifos), governantes e sacerdotes formavam um grupo social distinto no Egito.
ASPECTOS CULTURAIS
● A cultura era privilégio das altas camadas.
● Destaque para engenharia e arquitetura (grandes obras de irrigação, templos, palácios).
● Desenvolvimento de técnicas de irrigação e construção de barcos.
● Desenvolvimento da técnica de mumificação de corpos.
● Conhecimento da anatomia humana.
● Avanços na Medicina.
● Escrita pictográfica (hieróglifos).
● Calendário lunar.
● Avanços na Astronomia e na Matemática, tendo como finalidade a previsão de cheias e vazantes.
● Desenvolvimento do sistema decimal. Mesmo sem conhecer o zero, os egípcios criaram os fundamentos da Geometria e do Cálculo.
● Engenharia e Artes.
● Jogavam xadrez.
ASPECTOS RELIGIOSOS
● Politeísmo
● Culto ao deus Sol
● As divindades são representadas com formas humanas (politeísmo antropomórfico), com corpo de animal ou só com a cabeça de um bicho (politeísmo antropozoomórfico)
● Crença na vida após a morte (Tribunal de Osíris), daí a necessidade de preservar o cadáver, desenvolvimento de técnicas de mumificação, aprimoramento de conhecimentos médico-anatômicos.