Na quinta (24), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 1.873, queda de 2% em comparação com o patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia, foram registradas 2.042 mortes.
As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h.
A média móvel de novos casos em sete dias foi de 77.050, alta de 14% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 72.613 casos. Chegou a 68.466.736 o número de pessoas que receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 32,33% da população.
A segunda dose foi aplicada em 24.968.144 pessoas, ou 11,79% da população. Nesta sexta a CPI da Covid no Senado ouve o servidor da área de Saúde Luis Ricardo Miranda, considerado uma testemunha-chave da CPI por ter levantado suspeitas sobre a negociação de compra da Covaxin, produzida pela indiana Bharat Biotech pelo governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
Também falará seu irmão, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), que afirma que alertou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre as suspeitas de irregularidade.
Em depoimento ao Ministério Público Federal, que também investiga o caso, Miranda afirmou que sofreu pressão atípica para fazer avançar o acordo de compra, fechado em abril em US$ 15 por dose, 1.000% mais caro do que o valor informado seis meses antes pela empresa.
O negócio foi intermediado pela Precisa Medicamentos, cujo dono, Francisco Emerson Maximiano, deixou de depor na CPI da Covid na quarta, alegando quarentena após uma viagem à Índia.
O valor foi fechado antes da conclusão dos testes, e é o mais caro negociado pelo governo brasileiro por dose de vacina, e totaliza R$ 1,614 bilhão por 20 milhões de doses, das quais 20% seriam importadas com autorização condicional da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Até o momento, nenhuma dose da Covaxin chegou ao Brasil. Aliado do governo de Jair Bolsonaro, o irmão do servidor, deputado Luis Miranda afirmou que no dia 20 de março apresentou ao presidente a denúncia sobre indícios de corrupção na compra o imunizante. Bolsonaro teria afirmado ao deputado Miranda que informaria a Polícia Federal sobre o caso, mas o então diretor da PF, Rolando Alexandre de Souza, afirma que não se lembra de nenhum aviso.
Miranda promete entregar à CPI uma fatura, emitida pela Madison Biotech, de Cingapura, apontada como subsidiária da Bharat Biotech, que reforçaria os indícios de irregularidades.
Na quarta, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, ressaltou que a compra ainda não foi efetivada, e afirmou que documentos apresentados pelo deputado Miranda a Bolsonaro teriam sido adulterados.
Lorenzoni disse que determinaria à Polícia Federal que investigasse os dois por denunciação caluniosa acionar indevidamente a máquina do Estado para apurar algo que é sabido não constituir crime.
Segundo reportagem de capa do jornal O Globo, no entanto, a fatura a ser apresentada por Miranda à CPI consta no sistema do Ministério da Saúde, e atesta que seriam pagos antecipadamente US$ 45 milhões pela pasta.
Segundo a agência internacional de notícias Reuters, na quinta aliados do governo mudaram a estratégia de defesa e, ao invés de desqualificar as denúncias dos irmãos Miranda, passaram a afirmar que o então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, foi acionado pelo presidente Jair Bolsonaro para verificar suspeitas de irregularidades na contratação da vacina indiana Covaxin.
Mas que o ministro não teria constatado qualquer irregularidade. A estratégia mudou após reunião na quinta de manhã de senadores governistas da CPI com ministros do governo no Palácio do Planalto.
“Bolsonaro falou com Pazuello para verificar e como não tinha nada de errado, a coisa continuou”, disse a jornalistas o senador Jorginho Mello (PL-SC), um dos que participaram do encontro.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes na quinta pela manhã, Onyx foi na mesma linha e disse que, após ter sido comunicado pelos irmãos Miranda, Bolsonaro acionou Pazuello para analisar a questão da vacina indiana.
Em discurso na quinta, durante uma solenidade de inauguração de uma barragem no Rio Grande do Norte, o presidente Jair Bolsonaro procurou minimizar o caso Covaxin.
“Não adianta inventar vacina, porque não recebemos uma dose sequer dessa que entrou na ordem do dia da imprensa ontem (quarta)”, disse. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, também procurou mostrar tranquilidade sobre o tema, ao mesmo tempo que repetiu estar trabalhando para garantir uma maior oferta de vacinas aos brasileiros.
“Preocupação do Ministério da Saúde com esse assunto Covaxin é zero. Zero!”, garantiu Queiroga a jornalistas. Segundo reportagem de capa do jornal Folha de S. Paulo, em meio às denúncias, o governo federal avalia rescindir o contrato com a Precisa Medicamentos.
Informações: Infomoney